Educação remota: desafio da atualização contínua para professores
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Educação remota: desafio da atualização contínua para professores

Entenda os principais obstáculos enfrentados pelos professores e como superá-los


A atualização contínua de professores é um desafio cotidiano. Quando o convívio é diário, já existem dificuldades e obstáculos, mas eles são vencidos muitas vezes pela capacidade dos profissionais de se comunicarem pessoalmente. Hoje, quando o contato está restrito e a educação ocorre de forma remota, a capacitação dos docentes está encontrando novas barreiras.


O trabalho do educador, como um tutor, um guia e um disseminador de conhecimento, não termina nunca. Independentemente se ocorre de forma presencial ou remota, sempre existe a missão de ensinar. Para isso, também é preciso aprender, e é esse processo que faz a diferença para ensinar cada vez melhor. Aprendizagem e ensino formam o ciclo da vida do professor.


Uma pesquisa do Instituto Península, em março, recolheu dados de 2,4 mil docentes da educação básica nacional e constatou que aproximadamente 70% dos profissionais alteraram parcial ou completamente a rotina pessoal ou laboral em virtude da pandemia do coronavírus.


Muitos deles não dispunham do conhecimento relacionado ao uso das tecnologias para dar aulas à distância com a mesma propriedade de quando ensinam presencialmente. Apesar disso, precisaram se adaptar e continuar o ensino para que não houvesse uma paralisação completa na educação.


O processo exige disposição e um aprofundamento no letramento digital, visando conhecer as plataformas online ao mesmo tempo em que as metodologias de ensino precisam ser adaptadas para o virtual.


Esse movimento, sentido pelo mundo inteiro, desenvolveu uma conexão entre os profissionais para compartilhar experiências. A atitude tem potencial para ser eficiente, pois segue os preceitos da Teoria da Aprendizagem desenvolvida por Lev Vygotsky, que aponta a interação como uma das principais formas de reter conhecimento.


Afinal, o professor está expondo sua metodologia, e outros profissionais podem indicar formas de melhorá-la e tornar a aplicação cada vez mais eficaz. Essa discussão ocorre por diversos meios, como grupos em WhatsApp e Facebook, com um teor mais pessoal, além de lives no YouTube, que possuem uma mediação mais profissional.




Tecnologia como aliada


Diante do cenário atual, em que a educação foi fortemente atingida pela pandemia do novo coronavírus, a disseminação do conhecimento entre professores e deles para os alunos sofreu uma grande mudança. Com isso, metodologias tiveram que ser revistas e atualizadas. O uso da tecnologia, que já era grande na maioria das escolas brasileiras, ganhou ainda mais importância, e é por meio dela que os docentes estão buscando afinar metodologias e ensinar os alunos.


Segundo a pesquisa TIC divulgada em 2019 com dados compilados no fim do ano anterior, 76% dos professores de escolas urbanas utilizaram computadores e internet para desenvolver e aprimorar conhecimentos sobre tecnologias nos processos de ensino e de aprendizagem. Isso significa que as instituições já integravam, dentro de suas possibilidades, o uso desses recursos. Para enfatizar a importância que os profissionais vinham dando ao aprendizado sobre tecnologias, a mesma pesquisa mostrou que a maior parte deles aprende sozinho, mas 75% buscam conhecimento em vídeos e tutoriais online. Esse percentual se reflete nas medidas encontradas atualmente, em tempos de educação remota.


Com as restrições impostas pelo isolamento social, os educadores trocaram o cafezinho na sala dos professores e os encontros nos corredores por fóruns e grupos nas redes sociais. Diversas comunidades se organizaram para promover a troca de práticas pedagógicas. Uma das iniciativas é a Escola Digital, uma plataforma com diversas ferramentas voltadas aos profissionais da educação. Os resultados podem ser filtrados por disciplina e é possível interagir com coordenadores pedagógicos e outros professores.


No momento, o conhecimento das tecnologias faz parte da necessidade dos docentes e gestores. Vista por muito tempo como uma vilã do ensino e da educação, mais do que nunca a tecnologia tem sido uma aliada. O consumo de podcasts e lives, por exemplo, é uma das formas de aprender novas metodologias.



Os obstáculos do ensino à distância — e como superá-los



O distanciamento físico acaba proporcionando certa insegurança por parte do professor quanto à absorção do conteúdo. Ao contrário das aulas presenciais, o virtual não permite o mesmo retorno por parte do aluno, portanto é capaz de gerar certa insatisfação.


Durante as lives, um dos recursos utilizados, muitos estudantes nem ligam a câmera, distanciando ainda mais essa tentativa de manter as aulas próximas da normalidade.


Para resolver essa situação, primeiramente o professor pode exigir maior participação dos alunos através de tarefas, como um formulário de questões após a aula para fixar o conteúdo; já durante a live, no chat, pode também pedir para alguns fazerem o exercício “nuvem de palavras” e usarem termos-chave para resumir a aula.


É importante tornar a aula cada vez mais dinâmica por meio de modelos diversos, levando em consideração o estilo da turma e o formato da disciplina.


Um exemplo com bons resultados é o caso dos professores que criam uma página em redes sociais para que os alunos postem tarefas feitas em casa. Essa opção é muito boa para matérias práticas, visto que permite que os alunos demonstrem a aplicação da teoria em uma experiência.


Pensar métodos alternativos é essencial, pois quando se trata de crianças e adolescentes os computadores e celulares geralmente são usados para entretenimento, o que acaba dificultando o momento do estudo.


Usar uma linguagem didática e clara, sem termos muito rebuscados, é um ponto muito importante de ser aplicado nesse momento a fim de que os alunos possam absorver o máximo possível.


No entanto, o simples fato de uma metodologia parecer divertida não significa que ela deve ser implementada. O professor precisa refletir se há realmente um caráter pedagógico que vai fazer com que seus alunos adquiram uma visão mais crítica. Uma boa forma de conferir um método antes de empregá-lo é conversar com outros professores e conhecer o ponto de vista deles.



Onde os professores podem aprender mais sobre tecnologia?


De acordo com a pesquisa TIC Educação 2018, os professores, tanto da rede pública quanto da rede privada, aprendem mais sobre tecnologia por si próprios, com percentuais de 86% e 92%, respectivamente. O apoio da escola aparece entres as últimas posições, como por meio do coordenador pedagógico (47%), do responsável pela sala de informática (30%) e do diretor da escola (22%).


A pesquisa aponta também que o assunto é estudado bastante através de cursos; por exemplo, o intitulado “Uso de tecnologias em conteúdos da própria disciplina de atuação”, feito por 65% dos entrevistados. Esse dado mostra como os cursos proporcionam o aprofundamento dos profissionais nessa temática, indo além de sua formação.


O fato de a pesquisa apontar esse preparo tão individual justifica parcialmente a dificuldade que muitos professores sentiram durante a transição para o ensino remoto. Após a pandemia, é importante que as redes de ensino invistam na introdução da tecnologia tanto no corpo docente quanto na educação dos alunos com a ajuda de pais e responsáveis.


Uma plataforma com muito conteúdo é o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), que reúne dicas de como melhorar o ensino com uso da tecnologia, além de promover uma autoavaliação para professores através do Guia EduTec. Com ele, é possível diagnosticar o nível de adoção em relação à tecnologia. A análise mostra em que escala o indivíduo está, o que isso significa e como ele pode evoluir.


É necessário introduzir a tecnologia na educação de uma maneira mais constante, pois a virtualidade pode proporcionar um grande potencial de ensino.




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